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A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-DF) e o Coletivo de Mulheres Jornalistas do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal vem por este meio denunciar a abordagem de episódio de violência (estupro coletivo) contra uma mulher ocorrido na cidade de Águas Lindas (GO) feita na capa do jornal Correio Braziliense nessa quinta-feira, 14 de outubro do corrente.

Causou-nos indignação a ilustração que mostra uma mulher branca, acuada, e mãos pretas a cercando e tocando. Mais uma vez, vemos o racismo estrutural prevalecendo e formando imagens que se perpetuam em nossa imprensa. Ainda que a cobertura dos dias anteriores não tenha apontado nenhuma característica de ordem racial, a ilustração faz exatamente isso. Utiliza o imaginário coletivo racista para apontar quem é vítima de violência e quem pratica violência e fornece uma interpretação que reforça o racismo presente na sociedade brasileira.

Também destacamos a forma sensacionalista com a qual o caso foi tratado. O relato em primeira pessoa de uma mulher que sofreu estupro coletivo na capa da edição e com destaque é um potencial gatilho para outras mulheres que já passaram por esse tipo de violência. Entendemos que a espetacularização da violência de gênero não se faz necessária para denunciá-la e combate-la. Ao contrário, pode trazer ainda mais dano para essa e tantas outras vítimas do machismo estrutural embrenhado em nossa sociedade.

Diante da gravidade do fato exigimos, mais uma vez, da direção do Correio Braziliense que esses episódios não se repitam. Cobramos que seus e suas profissionais sejam capacitados e capacitadas para identificar e evitar abordagens racistas nas páginas deste jornal, que tem se mostrado acessível a essa pauta. Ressaltamos ainda a importância de aprofundar o debate sobre a cobertura de estupros, feminicídios e outras violências de gênero, de modo que o jornalismo sirva para combater tais opressões. Solicitamos o reconhecimento público do erro, se possível na próxima edição, com o espaço devido na primeira página.

Cobramos ainda das forças de segurança e do poder público que o crime seja devidamente investigado e os envolvidos punidos; que a vítima seja preservada e a ela oferecido acompanhamento médico e psicológico. Reforçamos também a importância de que o Correio Braziliense e demais veículos da imprensa sigam vigilantes na promoção de uma cultura de paz e de combate à violência, à misoginia e ao racismo.

Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (SJPDF)
Coletivo de Mulheres Jornalistas (SJPDF)
Brasília (DF), 14 de outubro de 2021

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