O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal teve importante papel no enfrentamento ao autoritarismo e à censura e também na retomada da democracia brasileira após o período de 25 anos de ditadura militar. Uma entidade que tem sua história atrelada ao compromisso com a democracia não pode ficar inerte diante da ascensão do reacionarismo em nossa sociedade e dos grupos de extrema-direita, que têm como maior porta-voz o atual presidente Jair Bolsonaro.
Forjada na crise política e econômica que levou à derrubada da presidenta Dilma Rousseff em um golpe jurídico-parlamentar, a eleição de Bolsonaro foi marcada pela difusão, em massa, da desinformação. Tal estratégia foi utilizada em uma escala até então nunca vista na política brasileira. Impulsionado pelo discurso autoritário e reacionário, Bolsonaro representa o retrocesso civilizatório travestido do discurso de anti-política.
Durante o segundo turno das eleições de 2018, o SJPDF apresentou à categoria os riscos da eleição do candidato da extrema-direita com a nota “Jornalistas do DF: nossa profissão e a democracia estão em risco”. “A ascensão do discurso de ódio, das ameaças e ações violentas propagadas pela candidatura de Jair Bolsonaro e seus apoiadores representam um grave risco a nossa profissão, a nossa vida e nossa democracia”, afirmou o sindicato.
A instalação do governo de extrema-direita, infelizmente, mostrou que as ameaças à nossa democracia se tornariam ainda mais presentes. Já no primeiro dia do ano, durante a cobertura da posse presidencial, os jornalistas experimentaram o tratamento desrespeitoso com os profissionais e com o jornalismo. Desde então, o desrespeito ao livre exercício profissional e à liberdade de expressão viraram marca do atual governo e estão presentes nas ações e falas do chefe de Estado, seus ministros e seus seguidores.
O cerceamento à liberdade de imprensa e expressão, se soma à pauta de valores ultra-conservadores e a uma agenda ultraliberal, que visa a destruição dos serviços públicos e a venda do patrimônio nacional com as privatizações das empresas públicas, ameaçando o desenvolvimento do país e o combate à desigualdade social.
O reflexo do início do governo Bolsonaro já pode ser percebido pela população. O aumento do desemprego e da informalidade, a intensificação da violência policial contra a população mais pobre, o incentivo à devastação da Amazônia, a destruição de diversas políticas de proteção social, o total desmonte da Educação Pública, somados à uma política externa serviçal dos Estados Unidos e entreguista ao capital internacional colocam o país à beira do caos social, econômico e ambiental.
Esse cenário de retrocessos é intensificado pela pauta de valores reacionários e conservadores imposta pelo presidente e seus ministros, que interrompeu diversas políticas voltadas ao combate às opressões, e que, em seus discursos e atos, relativizam os direitos humanos e legitimam a violência contra as mulheres, negros e negras, os povos indígenas e quilombolas e a população LBTTQI.
Neste cenário, o Sindicato dos Jornalistas aponta para a necessidade de envolvimento dos jornalistas, em solidariedade com a classe trabalhadora e com os movimentos sociais, na resistência democrática ao governo Bolsonaro. É preciso continuar denunciando todas as violações desse governo de extrema-direita e os ataques sistemáticos aos direitos sociais, através de um jornalismo sério e crítico, que contribua para ampliar a resistência e a unidade em defesa das liberdades democráticas e dos direitos sociais de toda a população brasileira.