Federalizar e priorizar as investigações de casos de violência contra jornalistas durante invasão golpista às sedes dos Três Poderes da República foram os apelos que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) fez ao governo federal em reunião com o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), nesta segunda-feira (9).
Crédito: Secom/PR
A coordenadora-geral Juliana Cézar Nunes representou o sindicato no encontro, marcado a convite da Secom com entidades que defendem a categoria e o jornalismo. Também esteve presente a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).
Ao ministro, ela relatou que foi identificado um padrão de abordagem aos profissionais da imprensa, levando em conta os relatos reunidos pela entidade. “Tanto em relação a agressões verbais como à subtração de equipamentos e à ordem para apagar imagens”, explicou Nunes.
Há também informações, em dois casos de violência, sobre hostilidade e omissão de policiais militares que foram procurados pelos jornalistas agredidos.
“Consideramos fundamental que o governo federal conduza e priorize as investigações, e que haja uma escuta em separado, segura, dos profissionais. É inadmissível que as agressões fiquem impunes, tanto por parte dos terroristas como dos agentes de segurança”, defendeu a dirigente do SJPDF. “O governo federal precisa ser enérgico na mensagem que o livre exercício do jornalismo é um pilar da democracia, e ele foi atacado no domingo”.
Outras ações defendidas pelo sindicato e pela Fenaj na reunião:
- Adoção de um discurso institucional de valorização do jornalismo;
- Diálogo da Secom com os empregadores para alertar sobre a necessidade de adoção de medidas de segurança para minimizar riscos em coberturas com potencial violência – muitos profissionais estavam sozinhos no domingo;
- Apoio do governo brasileiro à proposta da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) de criação de uma convenção da ONU específica para a segurança dos jornalistas;
- Criação do Observatório Nacional da Violência Contra Jornalistas.
SJPDF reúne ao menos 15 agressões
Até a noite desta segunda-feira (9), foram reunidos pelo sindicato 15 casos de agressão contra profissionais da imprensa durante o ato terrorista de domingo, em Brasília. Os episódios envolvem agressão física e verbal, roubo de equipamentos e ameaça para que o conteúdo gravado no local fosse apagado. Ao menos dois agredidos buscaram ajuda de policiais militares, mas não receberam qualquer apoio.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal está à disposição dos agredidos, inclusive para apoio jurídico. Além de orientar que seja registrado boletim de ocorrência, o SJPDF pede que os relatos e denúncias sejam enviados para o e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. para acompanhamento pela entidade e cobrança de providências.
Comissão de Direitos Humanos da CLDF
O sindicato também solicitou uma reunião com a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para apresentar os casos de violência e solicitar o acompanhamento da CDH nas investigações.
Outras ações estão em curso para garantir medidas adicionais contra a impunidade e para que não mais se repita esse ataque sem precedentes aos jornalistas, ao livre exercício da profissão e à democracia brasileira.