O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) vem a público lamentar o episódio em que o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, tentou desqualificar a apresentadora Raquel Landim, da CNN, no último sábado (25). Ao ofender a colega, o mandatário não só insulta toda a categoria e a sua liberdade de exercício profissional, como também dialoga com o contexto de ataques à imprensa que vigorou de forma sistemática no Brasil nos últimos quatro anos.
O ofício jornalístico exige dos seus profissionais que exerçam vigilância sobre os poderes constituídos e seus agentes, como forma inclusive de garantir a transparência e o direito à informação, tão necessários ao sistema democrático. É salutar, portanto, que a imprensa possa ter garantido o seu direito de questionar as autoridades sobre os fatos e assuntos que pautam o cotidiano do país. O direito à discordância e à crítica ao trabalho da imprensa situa-se sempre no patamar da democracia, mas não se equipara jamais à liberdade de insultar os seus profissionais.
Dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) ajudam a mensurar a gravidade do que representa a violência política contra a categoria no Brasil contemporâneo: foram 376 ataques somente em 2022. Nunca é demais lembrar que tais agressões foram embaladas por um contexto político autoritário que, personificado especialmente na figura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ajudou a fermentar a violência contra jornalistas no país.
Esse ciclo precisa ser imediatamente interrompido, e não estimulado. É preciso, portanto, dar um basta na cultura autoritária que ofende e busca descredibilizar o jornalismo profissional e seus trabalhadores, sob pena de perdas democráticas ainda maiores. O SJPDF se solidariza com a apresentadora Raquel Landim e exige que ministros do governo Lula não ajam como ministros de Bolsonaro.