Na última sexta-feira, 23/5, o Sindicato dos Jornalistas do DF e o Sindicato das Empresas de Televisões, Rádios, Revistas e Jornais do DF (Sinterj/DF) participaram de mais uma mesa de negociação para discutir a nova Convenção Coletiva de Trabalho das redações comerciais. Na reunião, as entidades dedicaram boa parte do tempo às cláusulas que tratam do reajuste dos salários e das medidas de segurança.
O maior impasse na negociação é o aumento salarial. Neste ano, os patrões querem uma diferenciação para as mídias impressa e eletrônica. A terceira contraproposta apresentada aos jornalistas traz a oferta de 4,5% para o segmento impresso e 5,62% para o segmento eletrônico. A anterior previa o mesmo índice para os meios impressos e 5,5% para os eletrônicos, um avanço de apenas 0,12%. Os empresários justificaram novamente que a diferenciação entre os dois segmentos é por causa da crise financeira nos veículos impressos de todo o mundo. Já quanto ao 0,12%, argumentaram que o novo percentual colocado na mesa se igualou ao índice da inflação e que há dificuldade de ir além disso.
Os diretores do SJPDF criticaram a diferenciação e relataram que ela vem sendo criticada dentro da categoria. Também questionaram o avanço de apenas 0,12% e defenderam o ganho real para os dois segmentos de forma unificada. Quanto à crise dos meios impressos, lembraram que há queda de circulação nos Estados Unidos e na Europa mas que há crescimento em outras regiões do mundo, como Ásia. Os dirigentes também destacaram que vários veículos estão encontrando soluções para resolver a questão como, por exemplo, a combinação de conteúdos produzidos para a internet com os publicados nos jornais impressos.
“A categoria já demonstrou que não está satisfeita com o que os patrões estão oferecendo. Os trabalhadores querem negociar, mas não dá para trabalhar com índices diferenciados e com oferta abaixo do percentual da inflação. Queremos, inclusive, ir além disso e buscar o ganho real, concedido a várias categorias em diversas negociações coletivas”, aponta Jonas Valente, coordenador-geral do SJPDF.
Medidas de segurança
A falta de acordo também se manteve em relação à segurança dos jornalistas. Os diretores do Sindicato dos Jornalistas sustentam que a Convenção deve prever a obrigação do fornecimento dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), a oferta de treinamentos e a garantia ao profissional do direito de se retirar da cobertura se ela for considerada perigosa por ele. O único item oferecido pelos patrões é a criação de uma comissão paritária para propor medidas de segurança. Também será realizado um curso no dia 29/5, promovido pelo Sinterj e com apoio do SJPDF. No entanto, as empresas se recusam a incluir as propostas dos trabalhadores na Convenção.
“A segurança só será garantida com a constituição de várias medidas. Não adianta criar uma comissão ou simplesmente fazer um curso pontual. Temos acompanhado de perto a violência sofrida pelos jornalistas e as medidas de prevenção devem fazer parte das prioridades das empresas e também do Estado”, destaca Wanderlei Pozzembom, coordenador-geral do SJPDF.
Próximos passos
Com o impasse na negociação, os SJPDF fará uma nova consulta à categoria para saber quais são os itens mais importantes da convenção. Há dois anos, a mesma estratégia foi utilizada pela entidade. O objetivo é identificar as prioridades para construir uma estratégia de negociação que possa avançar e que esteja de acordo com aquilo que é mais sensível para a categoria.
Confira a proposta da categoria e a contraproposta dos patrões
Proposta da Categoria |
Proposta dos Patrões |
|
Reajuste salarial |
10% |
4,5% para mídia impressa e 5,62% para mídia eletrônica |
Participação nos Lucros e Resultados (PLR) |
50% da remuneração com teto de R$ 2.400,00 e piso de R$ 1800,00 |
35% do salário-base de 5 horas, com teto de R$ 2.115,00 e piso de R$ 1.480,00 |
Auxílio-alimentação |
Aumento de 10% com o valor mínimo de R$ 18 por dia |
R$ 7,50 por dia, sem fornecimento nos períodos de férias e afastamentos |
Piso Salarial |
R$ 2.170,00 |
R$ 2.037,00 |
Segurança |
Obrigação de fornecer equipamentos e treinamento de direito de se retirar de cobertura perigosa |
Criação de comissão paritária para propor medidas de segurança |
Equipamento fotográfico |
Adicional de 30% com especificações de mínimo para o equipamento |
Estabelecimento de modelos de equipamentos com percentuais diferenciados |
Horas-extras |
Adicional de 100% e compensação de 2 pra 1 hora-extra trabalhada |
Adicional de 70% (duas primeiras), 65% (demais horas) e 100% (dias de descanso) com compensação de 1 pra 1. |