Representantes dos sindicatos dos jornalistas e radialistas do DF e gestores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) se reuniram no dia 11 de março para tratar das 16 reivindicações apresentadas pelos trabalhadores do período noturno em janeiro (Veja mais aqui). As demandas apresentadas pelos sindicatos foram formuladas durante a greve, em novembro de 2013, e em reuniões com os trabalhadores em janeiro.  

Representantes das diretorias de Administração e Finanças e de Negócios e Serviços, dentro destes os da Gerência de Análise de Mídia, sinalizaram o atendimento a apenas dois dos 16 pleitos dos trabalhadores. Foram oficializadas as 10 folgas aos trabalhadores noturnos, que trabalham em regime de escala. Anteriormente, a empresa havia criado um mecanismo de folga compensatória, que substitui o pagamento de horas-extras, funcionando como banco de horas - o que o Acordo Coletivo não permite. 

Outra solicitação dos empregados atendida é a garantia legal para o exercício do trabalho de clipagem dos jornais, visto que O Globo, o Estadão, o Valor Econômico e a Folha de S. Paulo ganharam liminares na justiça que proíbem a EBC de realizar esta atividade. Os gestores afirmaram que nesses casos não há veiculação do material clipado e concordaram em apresentar um documento formal da Empresa garantindo aos trabalhadores a legalidade do trabalho.

Os sindicatos insistiram para uma solução a uma das principais reivindicações dos trabalhadores: o pagamento correto do valor das horas noturnas dos últimos cinco anos e a correção da jornada de trabalho da noite. Sobre esse tema, a empresa afirmou que ainda irá analisar a demanda e ficou de responder sobre a questão em um prazo de 30 dias. 

Sobre o imediato reenquadramento profissional solicitado pelos jornalistas e técnicos, já que existe desvio de função nos trabalhos realizados na mídia impressa e eletrônica, e a criação de carreiras específicas para a parte gráfica e digitação, os diretores afirmaram que os temas só serão tratados dentro da discussão do novo Plano de Carreira que está sendo construído. Os sindicatos solicitaram o empenho dos gestores para realizar este debate dentro da modelagem do plano de carreira, além de garantir de fato a participação dos trabalhadores em sua discussão.

Os trabalhadores também solicitaram a criação de uma política de recursos humanos diferenciada para permitirem a saída dos trabalhadores para o noturno. Em resposta, a empresa afirmou que está sendo estudada uma nova norma para regular a transferência interna dos trabalhadores dentro da própria praça. Os sindicatos solicitaram a participação na formulação dessa norma, o que ficou de ser estudado pela empresa.

Para o coordenador jurídico do Sindicato dos Jornalistas, Gésio Passos, a reunião foi insatisfatória, já que a empresa protelou respostas e ainda negou vários pedidos dos trabalhadores. "A reunião mostrou que a luta por melhoria de condições de trabalho na empresa deva ser permanente. Os sindicatos buscarão, se preciso, a via judicial para sanar as irregularidades do setor", afirmou Gésio. 

Tema polêmico

Um dos assuntos que mais causou polêmica durante a reunião foi o pleito de imediata fixação da escala de trabalho das chefias do período noturno e a avaliação dos mesmos pelos trabalhadores. Os sindicatos receberam relatos que alguns chefes não estavam comparecendo todos os dias no trabalho, além de situações de assédio e retaliação aos trabalhadores. Os gestores da Diretoria de Negócios e Serviços afirmaram ser impossível que a ausência dos chefes esteja ocorrendo e afirmaram que na diretoria não são aceitas práticas de retaliação e assédio.  Diante do impasse, ficou acordado que os trabalhadores comunicarão a gerência sempre que ocorrer ausência de chefia e que casos de assédio devem ser encaminhados à diretoria para devidas providências. 

Outros itens pleiteados pelos trabalhadores:

 - Garantia de atendimento médico na empresa durante o período noturno e de um programa diário de saúde do trabalhador do período noturno – como o de ginástica laboral – realizado por profissionais especializados;

- Estabelecimento de plantão semanal de um responsável do setor de Recursos Humanos para atendimento dos trabalhadores no período noturno e resolução de qualquer demanda. Fim das escalas com três domingos consecutivos de trabalho.

- Imediata nova medição da salubridade da Mídia Impressa, como o estabelecimento de medições semestrais e um maior rigor na manutenção das máquinas para evitar que seja necessário pagar o adicional por insalubridade;

- Diálogo com os trabalhadores nas mudanças de rotinas e nos produtos da área, principalmente após as proibições da veiculação de jornais e criação de novos produtos da Mídia Impressa; e

- Utilização do estacionamento da empresa no Venâncio 2000 pelos trabalhadores do período noturno, já que a região do SHS é bastante insegura no período da noite.

Veja aqui o documento que contêm todas as reivindicações dos trabalhadores