Teve início nesta terça-feira a negociação da nova Convenção Coletiva de Trabalho dos jornalistas que trabalham em redações comerciais. Os trabalhadores reivindicam reajuste de 11,3% nos salários. O aumento é resultado do índice da inflação calculado com base no IPCA (5,3%) mais 6% de reposição de perdas. Outro item da pauta é o aumento no mesmo percentual do tíquete-alimentação praticado por cada empresa, garantindo mínimo de R$ 20,00 por dia. Mais uma cláusula de destaque é o reajuste de 100% no percentual de horas-extras (veja mais abaixo).
O Sindicato das Empresas de Televisões, Rádios, Revistas e Jornais do Distrito Federal (Sinterj/DF) apresentou a primeira contraproposta com 4,5% de reajuste nos salários e nos demais benefícios. Com isso, o piso para cinco horas iria para R$ 2.037 e a Participação nos Lucros e Resultados teria mínimo de R$ 1.463 e máximo de R$ 2.090. O auxílio-creche ficar no valor de R$ 354.
VEJA A ÍNTEGRA DA PROPOSTA DOS TRABALHADORES
VEJA A ÍNTEGRA DA CONTRAPROPOSTA PATRONAL
Esse percentual é muito abaixo do que a categoria merece. Estudos do Dieese têm mostrado que mais de 80% das negociações têm fechado com ganho real e os patrões oferecem índice abaixo da inflação? E isso num ano em que a folha de pagamento foi desonerada pelo governo”, critica Leonor Costa, coordenadora-geral do Sindicato dos Jornalistas.
Jornalista trainee
As empresas inovaram ao propor uma nova categoria, de jornalistas “trainee”. Esses profissionais teriam salário abaixo do piso (de R$ 1.731), precisariam ser formados a, no máximo, 12 meses, e poderiam ter contrato de até um ano. Pela redação da contraproposta patronal, os jornalistas “trainees” poderiam somar até 15% das redações.
“Criar uma categoria diferenciada de forma pejorativa é algo extremamente problemático. Não há nenhum problema de ter um programa para recém-formados, mas isso não pode ser feito sacrificando direitos desses profissionais, como o de receber o piso da categoria”, defende o coordenadora-geral do Sindicato Jonas Valente.
Auxílio-alimentação
Uma novidade da proposta patronal foi a consignação de um valor mínimo para o auxílio-alimentação na Convenção, de R$ 180, o que daria cerca de R$ 7,50 por dia. No entanto, pela oferta do Sinterj, não haveria o repasse nas férias ou em situações de afastamento e a empresa ficaria desobrigada de repassar caso fornecesse alimentação aos trabalhadores por meios próprios ou via convênio. A pauta dos trabalhadores prevê reajuste no auxílio-alimentação de 11,3% com mínimo de R$ 20 por dia.
“Reconhecemos que foi um avanço o Sinterj iniciar a negociação querendo consignar um valor. Mas o mínimo que eles trouxeram para a mesa é muito baixo e não deve ter impacto efetivo uma vez que quase todas as empresas, segundo o sindicato patronal, praticam valores acima disso”, diz Wanderlei Pozzembom.
Medidas de segurança
Outro ponto novo foi a proposta de criação de uma comissão paritária para tratar de medidas de segurança. Na reunião, os representantes das empresas afirmaram que querem discutir cursos de treinamento. Já os diretores do SJPDF concordaram com a comissão, mas reafirmaram que a Convenção deve trazer a obrigação do fornecimento dos Equipamentos de Proteção Individual, da obrigação de treinamentos e do direito do profissional de se retirar da cobertura se ela for considerada perigosa por ele. Além dessas medidas, a pauta dos trabalhadores também prevê a obrigação dos repórteres cinematográficos saírem com auxiliares.