A Consulta às redações para avaliar a “última” proposta patronal da negociação da Convenção Coletiva de Trabalho 2014/2016, que ocorreu nesta semana, terminou com mais uma negativa da categoria. Dos 337 jornalistas votantes, 212 (63%) foram contra a oferta das empresas e 125 (37%) se manifestaram a favor.
A proposta rejeitada apresenta basicamente a reposição inflacionária. As empresas ofereceram um reajuste salarial de 5,62% (índice da inflação referente a março). No piso, os patrões apresentaram índice praticamente igual (5,84%), chegando a R$ 2.060. No PLR, os empregadores concederiam teto de R$ 2.500 e piso de R$ 1.500, mas manteriam o benefício em 35% do salário-base (o relativo às 5 horas diárias).
"A negativa da categoria mostra que o que os patrões colocaram na mesa é insuficiente para fechar um acordo. Embora as empresas tenham dito que não há mais como avançar, o resultado é um recado claro que terá de haver um esforço de melhoria da proposta", afirma Leonor Costa, coordenadora-geral do Sindicato dos Jornalistas.
A proposta dos patrões está aquém dos resultados obtidos em estados como Sergipe, onde o sindicato patronal concedeu reajuste de 7,1% para a categoria, com ganho real de quase 1,5%. Em Goiás, a convenção foi fechada com ganho real de 1%. No Rio de Janeiro, por exemplo, as empresas de mídia impressa se dispuseram a dar auxílio-alimentação de R$ 277, enquanto na negociação do DF os patrões oferecem o valor de R$ 190.
"Em mercados menores do que o do DF, as empresas estão oferecendo ganho real. Já aqui o discurso é sempre contra qualquer coisa além da inflação. Mesmo no caso da mídia impressa, que apela sempre para o argumento das dificuldades financeiras, no Rio o segmento impresso ofereceu quase o dobro do valor do tíquete-alimentação. E por que no DF não é possível avançar?", questiona Jonas Valente, coordenador-geral do SJPDF.
Mobilização no dia 10/7
Com a negativa da categoria, conforme aprovado em assembleia, será realizado um dia de mobilização para dar visibilidade à Campanha Salarial. “Iremos distribuir materiais e convidar a categoria para manifestar apoio nas redações e se mobilizar nas redes sociais compartilhando posts sobre a negociação. É muito importante que os profissionais participem da iniciativa”, afirma Wanderlei Pozzembom, coordenador-geral do SJPDF.
Confira a proposta da categoria e a contraproposta dos patrões que serão levadas à consulta
Proposta da Categoria |
Proposta dos Patrões |
|
Reajuste salarial |
7,62 (2% de ganho real) |
5,62% (para mídias eletrônica e impressa) |
Participação nos Lucros e Resultados (PLR) |
50% da remuneração com teto de R$ 2.500 e piso de R$ 1.700 |
35% do salário-base de 5 horas, com teto de R$ 2.500 e piso de R$ 1.500 |
Auxílio-alimentação |
Aumento de 8,3% com o valor mínimo de R$ 15 por dia |
Valor de 190 por mês, o que corresponde a R$ 7,91 por dia, sem fornecimento nos períodos de férias e afastamentos |
Piso Salarial |
R$ 2.150 |
R$ 2.060 (aumento de 5,64%) |
Segurança |
Obrigação de fornecer equipamentos e treinamento de direito de se retirar de cobertura perigosa |
Criação de comissão paritária para propor medidas de segurança |
Equipamento fotográfico |
Adicional de 30% com especificações de mínimo para o equipamento |
Estabelecimento de modelos de equipamentos com percentuais diferenciados |
Horas-extras |
Adicional de 100% e compensação de 2 pra 1 hora-extra trabalhada |
Adicional de 70% (duas primeiras), 65% (demais horas) e 100% (dias de descanso) com compensação de 1 pra 1. |