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Comunidade regulariza pagamento de salários dos jornalistas

Depois de cinco meses, Comunidade informou ao SJPDF que regularizou a situação de atrasos de cerca de 50 jornalistas da empresa. Sindicato entrou em contato com os jornalistas para confirmar a informação.

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A iniciativa visa ampliar os benefícios e fortalecer ainda mais as lutas para garantir direitos. Filie-se

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Uma semana para não esquecer

Categoria: Notícias

Saul Leblon

O jornalismo praticado pelo dispositivo conservador tem cada vez mais o prazo de validade de um pote de iogurte vencido. A 'grave denúncia' da noite azeda no contato com o oxigênio da manhã.
A manchete garrafal e assertiva da hora desaba ao primeiro sopro dos fatos. Como um frango desossado da Sadia, não se sustenta sem os ganchos de uma desconcertante indiferença à realidade.
Não raro, a afronta à opinião pública balança sua indignidade por dias seguidos nas páginas e sites, como a carcaça putrefata da credibilidade conservadora.
A insistência do vetusto 'Estadão' em manter uma 'barrigada' histórica na manchete --a 'decisão' do Ministério Público de pedir a investigação de Lula'-- é o exemplo arrematado da carnificina da notícia no cepo conservador.
No futuro, quando o historiador autopsiar esse açougue onde cortes especiais redesenham o país ao gosto de interesses pantagruélicos, será possível avaliar melhor as consequências da injeção sistemática de semi-informação, meias verdades, semi-cultura, mentiras e vulgaridade no imaginário social.
Não se trata apenas de aferir votos. A cidadania plena é inseparável da consciência histórica adquirida através da razão argumentativa que politiza os fatos e materializa os valores que sustentam a convivência compartilhada.
Por ora, trata-se de resistir à matéria tóxica.
Poucas tarefas terão maior importância do que essa nos dias que correm.
A capacidade de entorpecer o discernimento social é o principal trunfo político de um feixe de interesses cada vez mais dissociado dos anseios da população. Cada vez mais disfuncional em relação à agenda do desenvolvimento. Cada vez mais avesso ao aggiornamento que a democracia requer em nosso tempo.
Sites e blogs progressistas devem redobrar esforços na tarefa de oferecer um contrapeso de equilíbrio ao aluvião beligerante embutido nessa asfixia narrativa.
Não ceder ao discurso panfletário já encerra em si um contraponto.
Mas ele somente será eficaz se adquirir a abrangência capaz de romper os torniquetes da infantilização da opinião pública promovida pelo monopólio midiático.
Discutir alternativas críveis a uma crise igual ou pior que a vivida pelo capitalismo em 1929 é o que de mais importante deveria fazer um sistema de comunicação plural e democrático.
A dimensão política dos impasses em jogo, rusticamente condensados na incompatibilidade entre a supremacia financeira e as necessidades vitais da sociedade, convoca a imaginação a erguer linhas de passagem não usuais ao passo seguinte da história.
Quando as coisas atingem o ponto a que chegamos a resistência concentrada nas questões convencionais da sobrevivência não basta.
Urge uma disposição mudancista desassombrada para redefinir o papel do Estado e da democracia na retomada do crescimento, em meio à desordem neoliberal.
O conjunto requer um salto de discernimento, organização e engajamento que não se materializará sem a mobilização de ideias e agendas que um jornalismo isento teria obrigação de espelhar .
Não é esse o presente imediato, tampouco o horizonte visível da chamada grande mídia no Brasil.

A sofreguidão das machetes nos últimos dias colecionou provas suficientes de um empenho que avança na contramão desse imperativo.
Foi uma semana para não esquecer.
Um apagão midiático, uma investigação contra Lula, salvas ao 'candidato anti-intervencionista' das gerais, a concentração de vapor golpista contra o regime venezuelano e um alarmismo inflacionário improcedente compuseram o repertório da isenção informativa aspergida insistentemente nos corações e mentes da sociedade.
O saldo distorce os fatos, mas informa o que vem pela frente.
O incompreensível desdém do governo em relação aos meios de comunicação progressistas --a ponto de discriminá-los no agendamento da publicidade oficial de interesse público-- assume assim contornos de um erro político de consequências desestabilizadoras.
Sempre se poderá alegar em defesa da inércia que o limite do abuso é o contrapeso implacável da realidade objetiva. Esta favoreceria o discernimento político da sociedade.
Em termos.
O economicismo que se acredita autossuficiente na disputa pela hegemonia é tão equivocado quanto o laissez-faire, que dispensa ao Estado o menosprezo de um estorvo burocrático.
No fundo, ambos entregam o destino da Nação às forças de mercado. Com as consequências conhecidas, quando o conflito de interesses atinge a polarização prenunciada nas manchetes da semana que passou.

Artigo publicado originalmente na Carta Maior 

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Mário Augusto Jakobskind

O Globo, claro, como impresso, tem o direito de fazer o que quiser, até mesmo em matéria de jornalismo de baixa qualidade, como tem demonstrado em suas edições diárias. Mas o que não pode ser aceito é transferir a manipulação da informação para os canais de televisão controlados pela família Marinho. E colocar, por exemplo, Arnaldo Jabor dando o recado do Instituto Millenium, para criticar de forma ignorante o Presidente Hugo Chávez, com o claro objetivo de demonnizá-lo.

Televisão é uma concessão pública e não pode ser utilizada pelos proprietários para o esquema de lavagem cerebral, como acontece também diariamente nos informativos das emissoras da família Marinho.

O desespero das Organizações Globo em relação ao que acontece na Venezuela chega as raias do absurdo. Convocam os colunistas de sempre, que seguem a pauta do Departamento de Estado e do Instituto Millenium. Qualquer crítica ao que acontece em matéria de manipulação da informação é geralmente respondida, quando respondida, como restritiva à liberdade de imprensa e de expressão.

As Organizações Globo convocaram também figuras do espectro ideológico do grupo, como Ives Gandra e Ophir Cavalcanti, presidente da OAB, para criticar a decisão da Justiça da Venezuela.

E o governo de Dilma Rousseff também não foi poupado por sua posição admitindo que a Venezuela adotou uma solução democrática na questão da posse de Chávez.

Como se todo esse exemplo de jornalismo absolutamente parcial não bastasse, as Organizações Globo até anteciparam a morte do Presidente Hugo Chávez. Torcem visivelmente para que isso aconteça. E aí se perdem também, pois se Chávez incomoda vivo, morto vai ser incomodar ainda mais a direita carcomida.  

Mas detrás de tudo isso se esconde o fato de as Organizações Globo, o Departamento de Estado, os colunistas de sempre, regiamente pagos, e as oligarquias latino-americanas temerem um fato real, qual seja, o caráter irreversível da Revolução Bolivariana. Eis aí a causa principal do comportamento aético das Organizações Globo, ou seja, o temor que mesmo se Chávez não puder completar o novo mandato designado pelo povo, a Revolução Bolivariana continuará. Não tem mais volta.

A direita venezuelana, que continua jogando todas as suas cartas em Enrique Capriles, perde eleição e quer aproveitar a atual situação para ver se consegue reverter o fato histórico do novo tempo que representou a ascensão de Hugo Chávez.

E, como prova ainda da maior parcialidade das Organizações Globo, em um dos editoriais desesperadores, o jornal tenta comparar os acontecimentos atuais na Venezuela com um episódio ocorrido na vigência da ditadura no Brasil, quando o vice Pedro Aleixo foi impedido pelos militares de assumir no lugar do general de plantão Costa e Silva. O Globo conta com a falta de memória de parte dos seus leitores e omite o fato de que sempre apoiou a ditadura e, como diria Leonel Brizola, ”engordou na estufa da ditadura”.

Em relação ao que acontece em matéria de manipulação de informação nas emissoras de televisão e rádio das Organizações Globo, mais do que nunca é preciso que o Brasil retome a discussão sobre o controle social da mídia, para que a democracia avance neste país, porque, sem isso, não se pode afirmar que no Brasil a democracia é cem por cento.

Esse debate não pode ser jogado para debaixo do tapete, como querem as poucas famílias que controlam as emissoras de televisão do país.

Nesse sentido, espera-se que a Presidenta Dilma Rousseff siga o exemplo de Cristina Kirchner e aceite enfrentar a questão. Primeiro, a continuidade do debate amplo pela sociedade brasileira, por sinal já iniciado. Depois, um posicionamento do Congresso e, finalmente, vontade política do Executivo para não evitar que haja avanço no setor.

Resta saber o que pensa sobre o tema o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

*É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

Publicado originalmente em Direto da Redação

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